Estilo e Glamour – Art Déco, o movimento da década de 20
Primeiramente vamos deixar claro que a época conhecida como Anos Loucos foi marcada por mulheres transgressoras, modernas, que saíram pra trabalhar durante a Primeira Guerra Mundial. Assim como foi a era da velocidade, com o surgimento dos automóveis, trens, transatlânticos e aviões.
Acima de tudo, o que ocorreu foi uma re-significação da vida no pós-guerra. Além disso, surgiu a habilidade de criar materiais novos, tais como o plástico, o baquelite, etc, para a fabricação de diversos produtos. Também houve uma revolução no mundo da joalheria, através de novas técnicas de produção.
Neste interim, nas artes, ocorria o advento do Cubismo, Modernismo e Grafismo, entre outras tendências. Da mesma forma, havia ainda o interesse pela pureza da forma e ausência de excessos, pela geometria e pela simetria.
Imediatamente, todas essas mudanças tiveram impacto no mundo da moda, faziam sucesso, por exemplo, os conjuntos coordenados de Sonia Delaunay, que consistiam em peças de roupa combinadas, tais como saias e blusas.
A sociedade dos anos 20
À medida que Paris era a principal referência mundial em termos da cultura e das artes, cada vez mais norte-americanos frequentavam a cidade para se aculturar.
Sendo que, no fim da Primeira Guerra Mundial a noção da mortalidade era muito palpável. Afinal, monarquias desapareceram e havia o sentimento de que tudo pode acabar em um piscar de olhos. Portanto, a ideia era viver o momento presente.
Um exemplo de expressão que reflete bem a atitude daquela época é dita pela conhecida estilista Coco Chanel: “Eu me mexo o tempo todo.” Sobretudo, essa expressão carrega consigo o sentimento daquela época.
Assim também, jovens e adultos da década de 1920 acabam sendo conhecidos como “a geração perdida.” Uma vez que seus valores, virtudes e princípios ficaram um tanto quanto perdidos com a necessidade urgente de viver o momento presente e pouco ou nada planejar para o futuro.
Personalidades da época
Vejamos exemplos de algumas das principais personalidades que se destacaram durante os anos 20: Lee Miller (modelo e fotografa), Josephine Baker (dançarina), Kiki de Montparnasse (dançarina), Tamara Lempicka (pintora vanguardista), Sonia Delaunay (pintora), Marquesa Luisa Casati (musa e investidora das artes), Nancy Cunard (escritora), Condé Nast (organizava grandes festas chamadas de Café Socity, reunindo artistas, editores, músicos, alta sociedade), Conde Étienne de Beaumont (conhecido por seus bailes de máscara).
Além disso, houveram grandes fotógrafos na época, tais como: Edward Steichen, Man Ray, George Hoyningen-Huene. Em paralelo, o cinema era o maior lançador de tendências, através de atrizes como Louise Brooks e Clara Bow. E o estilo de música predominante era o Charleston e o Jazz.
Quem foram as flappers?
Acima de tudo, as flappers foram jovens mulheres cheias de atitude. Em outras palavras, elas usavam cabelos curtos, vestidos com franjas, esbanjavam alegria e tinham uma postura icônica de causar impacto, eram transgressoras. Seu objetivo era, sobretudo, seduzir sem a intensão de casar.
Primordialmente havia uma obsessão pela juventude e o descompromisso. Frequentemente tratava-se de mulheres que começaram a trabalhar e não queriam mais voltar a ser donas de casa. Além disso, bebiam, fumavam e dançavam.
Os Vestidos na década de 20
Sobretudo, a modelagem dos vestidos era solta com objetivo de disfarçar as formas femininas de modo a parecer corpos de adolescentes, com poucas curvas. De certa forma, trata-se de uma tendência que flerta com a androgenia, pois a mulher estava buscando por direitos iguais na sociedade.
Veja alguns dos principais nomes da moda que, na época, investiram em criações de silhueta tubular: Jeanne Lanvin, Madeleine Vionnet, Coco Chanel, Jean Patou, Jenny, Elsa Schiaparelli. Também havia inspiração no oriente e na África.
Simultaneamente surgem as roupas de baixo com o intuito de achatar as formas femininas. Bem como as vestimentas que visavam facilitar o uso do automóvel.
O Chapéu Cloche, por exemplo, era mais apropriado para dirigir do que os chapéus de abas largas, que não cabiam dentro dos carros. Esse modelo de chapéu já era tendência, vanguarda, nos anos 10, porém começou mesmo a ser usado nos anos 20.
Ao mesmo tempo, o colar longo, chamado sautoir, geralmente em pérolas falsas, fazia parte do figurino. É interessante mencionar que os anos 60 revisitam a moda dos anos 20, fazendo ressurgir muitos destes acessórios.
Além disso, havia a tendência de geometrização das linhas. Era o impacto dos movimentos artísticos daquele momento histórico, afinal tudo meio que se comunica quando a gente conversa sobre moda e sociedade.
Acessórios de Sedução
Atualmente considerado indesejável, o hábito de fumar era socialmente bem aceito na década de 20. Tendo em vista que era relacionado a estar consigo mesmo, um ritual de autoconhecimento, influenciado pelo início da psicanálise e conhecimento da mente.
Infelizmente, as mulheres aderiram largamente a esse hábito, uma vez que consideravam uma manifestação de sua capacidade de emancipar-se, uma expressão de que eram capazes de fazer o que quisessem. Além disso, não havia conhecimento sobre os malefícios do fumo à saúde.
Sendo assim, itens como piteiras, cigarreiras e isqueiros eram produzidos em materiais nobres, considerados acessórios de luxo e sedução.
Como eram os sapatos nos anos 20?
Antes de mais nada, os calçados ganham destaque graças às saias mais curtas e a dança, que exigia sapatos mais firmes e estáveis.
De antemão, pode-se afirmar que foi na década de 20 que Salvatore Ferragamo introduz uma lâmina de aço entre a sola interna e externa dos calçados. Nesse sentido, o material era fixado no lugar do arco, entre o salto e a planta do pé, visando dar mais firmeza e segurança para os movimentos de dança.
Dessa forma, possibilitava uma construção mais alongada do sapato, aparentando também pés mais delicados. Com essa inovação os saltos crescem e surgem as primeiras sandálias de salto alto.
André Perudia era outro exemplo de fabricante que produzia sapatos extravagantes, a frente do seu tempo, com cores vibrantes e inspiração cubista. Bem como eram usados tecidos brilhantes na manufatura dos calçados.
Nessa época é criado o verniz, além de surgirem couros metalizados e exóticos, tais como crocodilo, lesar e cobra. Além disso, Chanel criou seu icônico sapato bicolor (branco e preto, marinho com bege…).
Segundo relatos, ela detestava que as biqueiras e os saltos ficassem sujos. Do mesmo modo, as cores escuras nas extremidades do calçado também proporcionam aparentar um pé menor.
Cinema e Maquiagem nos anos 20
Verdade seja dita, maquiagem e cinema andam de mãos dadas com a moda.
Simultaneamente à ascensão das artes cinematográficas, iniciavam os concursos de misses. Surgiu aí a maquiagem perolizada com uso de pó de arroz. Ocorreu ainda, a criação do batom em bastão, em tons escuros.
Juntamente com o batom escuro, os olhos eram bem delineados, lápis preto, curvex para os cílios, rímel e cílios postiço. A sombra geralmente combinava com a cor dos olhos ou com a roupa. Ao mesmo tempo, as sobrancelhas eram arqueadas e usava-se pouco blush.
Enquanto isso, surge ainda a popularização dos esportes: tênis, esqui, etc. E a moda da pele bronzeada. Inclusive Coco Chanel costumava se bronzear.
Choque de realidade
Enfim, foi uma época cheia de personalidade e estilo, que tem impacto até hoje graças às suas características inconfundíveis. Todavia, o fim desse estilo de vida foi marcado pela queda da bolsa de NY em 1929. Tendo em vista que o choque de realidade econômica mostrou que não era mais possível apenas viver o momento sem concentrar-se no trabalho, produtividade e preocupar-se com o futuro.