Schiaparelli

Antes de mais nada, Elsa Schiaparelli representou a força feminina na moda. Suas criações apresentam um DNA exótico e exuberante. Além disso, Elsa inventou a cor rosa choque.

De fato, pode-se dizer que, se a década de 1920 ocorreu grande influência das criações de Coco Chanel na moda, na década de 1930 prevaleceu a excentricidade de Schiaparelli.

A origem de tanta criatividade

Elsa nasceu em Roma, no ano de 1890, em uma família de intelectuais. Desde cedo ela conheceu e tornou-se amiga do artista Salvador Dalí que, a propósito, criou a pintura de uma figura feminina com flores no lugar da cabeça, com base em uma história de infância de Elsa.

Sobretudo, crescer em meio a artistas e letrados da sua época inspirou Elsa que, na juventude, escreveu um livro de poesia erótica. Sendo assim, sua família resolveu envia-la a Londres, onde tipicamente as jovens eram apresentadas à sociedade europeia e, muitas vezes, encontravam um marido.

Realmente, na capital inglesa, Schiaparelli acaba por conhecer um suposto nobre por quem se apaixonou, e casou-se com ele. Tendo logo engravidado, Elsa deu a luz a filha do casal em Boston, nos Estados Unidos.

Entretanto, o marido de Elsa, procurado pelo FBI, sumiu logo após ao nascimento da criança. Em seguida, Schiaparelli acabou indo para França e, depois, para Suíça, com objetivo de buscar os melhores tratamentos para a poliomielite da filha, chamada Gogo Schapiarelli.

O primeiro reconhecimento internacional e demais criações icônicas

De qualquer modo, Elsa continuou a frequentar o meio de intelectuais, artistas e estilistas. E, neste interim, começou a ficar conhecida por sua primeira criação no universo da moda: o “laço bobo“. Tratava-se de um laço borboleta que deveria parecer ter sido feito por uma criança da pré-história, segundo a criadora.

O “laço bobo” era confeccionado em malha de tricô, por artesãs armênias, exiladas em Paris. Essa criação foi apresentada a personalidades do mundo da moda em um almoço com o chefe da Vogue. Desse evento, Schiaparelli saiu com uma encomenda de 40 suéteres e 40 saias para a loja de departamentos Strauss, de Nova Iorque.

 

Tricô com laço bobo, chapéu sapato, silhueta alongada e com cintura marcada, coleção com insetos

Em 1931 Schiaparelli lança a saia calça. Sua tradicional silhueta tinha ombreiras grandes, visual alongado, cintura fina, chapéu, tudo para alongar a figura feminina.

No ano seguinte, Elsa brilhou com suas criações, dentre elas o vestido tubo, longo, reto, seco, com zíper, acompanhado de um blazer curto bordado em paetê. Schiaparelli é a primeira a colocar zíper em uma roupa de alta-costura.

No decorrer da década de 30 Schiaparelli liderou muitas pesquisas têxteis. Além disso, criou uma capa “de vidro”, em rodofane, para ser usada sobre os vestidos de noite.

Elsa produzia muitas criações ricas em bordados e lantejoulas. Sendo que nesta época acabou por conquistar Hollywood, depois que Chanel rompeu contrato com a indústria do cinema norte-americano.

Em 1934 Schiaparelli foi capa da revista Time, considerada ultramoderna no mundo da alta-costura. No ano seguinte sua maison produzia 10 mil peças ao ano. 

Neste momento começaram os lançamentos das coleções temáticas, com nomes. No verão de 1935, por exemplo, o tema foi “Stop, Look and Listen“. Ela gostava de criar tecidos com estampas inovadoras e, nesta coleção, usou uma estampa de jornal.

Em 1936 Elsa compra um imóvel em Paris para sua maison, que veio a ser decorada por Salvador Dalí. Uma gaiola dourada gigante no centro da loja foi idealizada para exibir os manequins vestindo peças das coleções. Schiaparelli ganhou, também de Dalí, um urso gigante, rosa, com gavetas para expor os acessórios.

A revista New York Times publica, em 04 de dezembro de 1936, dicas de guarda-roupa de Elsa Schiaparelli, que considera essencial as seguintes peças: 1 casaco de pele, um tailleur de tweed, um tailleur escuro, um vestido de tarde, 4 chapéus, 6 pares de sapato e quantos acessórios você puder ter.

Verdade seja dita, grande parte da sociedade considerava que Schiaparelli sabia unir arte, técnica e originalidade com maestria, em suas criações. Ela apreciava formas tridimensionais, como os artistas do surrealismo. E, certa vez, usou insetos em uma de suas coleções.

Algumas das criações inusitadas de Schiaparelli

  • Perfume cujo vidro é um dorso feminino;
  • Vestido lagosta (estampa localizada), com Salvador Dalí;
  • Botões de metal, tipo joias, para os tailleurs femininos;
  • Vestido esqueleto (coleção circo);
  • Vestido gota, como se as gotas talhassem a pele e, por baixo, o tecido como se a pele tivesse sido arrancada;
  • Luvas com unhas pintadas, vermelhas, ou com garras;
  • Chapéu sapato.

 

Perfume, vestido lagosta, vestido esqueleto e vestido gota

Primeira a usar a palavras “chic”, na moda, e a fazer desfile show com performances

Antes da Segunda Guerra Mundial, na primavera de 1939, foi lançada a última grande coleção de Schiaparelli, com o título “Pague e leve” e caracterizada por grandes bolsos em suas peças de vestuário. 

Em seguida vem a guerra e Gogo, a filha de Elsa, é chamada para trabalhar no exército francês. Em 1941 Schiaparelli vai a Nova Iork, fugindo da guerra. Lá ajuda a angariar fundos e suprimentos para a França. Suas costureiras continuam trabalhando, mas sem lançamentos nem desfiles.

Em 1945 Schiaparelli volta a Paris, mas tudo mudou depois da Guerra. Ela perdeu espaço para a feminilidade do estilo Dior.

Logo depois, Schiaparelli contrata Hubert de Givenchy, aristocrata e estilista francês. E, em 1954 Elsa lançou sua última coleção, cujo nome foi “Linha Fluida”, e na qual é possível identificar grande influência do estilo Dior. Além disso, no mesmo ano, Schiaparelli lança sua autobiografia, intitulada “Shocking Life”. Schaparelli morre em 1973.

Triste curiosidade: uma das netas de Elsa morreu no primeiro avião que colidiu com as Torres Gêmeas, no atentado terrorista em 11 de setembro de 2001.

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