Historicamente o vestuário evoluiu com a humanidade e se tornou um reflexo das questões sociais, políticas, religiosas e morais de todas as fases vivenciadas pelo ser humano. Dessa forma, o estudo da história do vestuário implica em um entendimento do contexto da vida, nas diferentes épocas.
À medida que o homem foi deixando de ser nômade, o vestuário foi se desenvolvendo em paralelo à prática da agricultura. As principais fontes de informações sobre o vestuário nos primeiros tempos da aventura humana vem de pinturas, vasos e esculturas que sobreviveram ao tempo.
A seguir vamos acompanhar os períodos históricos mais marcantes e seu impacto nos hábitos sociais e no vestuário.
Período Paleolítico
(10mil a.C)
Produção rudimentar de vestes e uso de ossos finos como agulhas segurando as peças ao corpo. Nômades, os humanos abrigavam-se em cavernas ou construíam tendas para se abrigar. Nas cavernas, a arte rupestre registra até hoje os costumes da época. As eras glaciais geraram a necessidade do uso de peles de animais.
Período Neolítico
(de 10 a 4 mil a.C.)
Criação do tear, permitindo a manufatura de tecidos, que eram usados presos ao corpo com cordões, cintos e diversos outros acessórios. Há registros da manufatura da lã obtida das ovelhas. Invenção da Tesoura, no Oriente.
Antiguidade
(de 4 mil a.C. ao Séc. V)
As vestes eram túnicas com ornamentos que indicavam a condição social de quem as usava. Foi descoberta uma cidade, no centro-sul da Turquia, considerada primeira civilização a se preocupar com a vestimenta por motivos também estéticos, valorizando muito a profissão de costureiro (6.500 A.C.)
No apogeu da civilização Mesopotâmica eram usados algodão, lã e linho. Na Grécia vestiam o quíton, túnica que consistia em um retângulo de tecido presa nos ombros e embaixo dos braços, com uma das laterais fechada e a outra aberta. Em Roma a vestimenta era a toga.
Era Medieval
(do Séc. V ao XV)
Surgimento de roupas modeladas e costuradas no próprio corpo. Além de associações de artesãos, profissionais valorizados pelas classes mais altas. Artesãos faziam roupas mais refinadas, com costura esmerada, aplicação de joias e pedrarias.
Século XI d.C., em Bizâncio, a seda era o principal tecido utilizado, produzida na própria região, dispensando a importação da Índia e da China. Lã, algodão e linho também compunham a indumentária dos bizantinos. Eram usadas túnicas com mangas longas para os dois sexos. O manto usado sobre a túnica tinha influência romana.
Era Renascentista
(do Séc. XV ao XVI)
Surgimento do conceito de moda. Aumento de fábricas, personalização da modelagem, surge o conceito de moda e a necessidade de especialização por parte dos alfaiates. Período de transição do modo de produção feudal para o capitalista.
Em 1780 surge, na França, a 1ª Escola de Moda, a implantação das tabelas de medidas e uso da padronização. A moda se torna um diferenciador social e de gêneros, além do aspecto de valorização da individualidade e da sazonalidade.
Os nobres se incomodavam com as cópias de suas vestes, feitas pela classe social mais abastada, os burgueses. Por isso os nobres começaram a diferenciar cada vez mais suas roupas, criando um ciclo de criação e cópia.
Na Itália ocorre a evolução da indústria têxtil com a elaboração de brocados, veludos, cetins e sedas, tecidos mais requintadas, ornamentos ganharam mais importância. O estilo Barroco foi marcado por excessos, roupas volumosas, e uso de rendas.
Era Contemporânea
(de 1789 aos dias atuais)
Após a Revolução Francesa, as roupas passaram a ser mais práticas e confortáveis. Ricos e pobres se vestiam da maneira mais despojada possível. O gosto pelo retorno à natureza passou a ser uma constante. Surgiu o Iluminismo e a arte rococó, com muitos babados, lacinhos e flores, roupas femininas volumosas.
A Revolução Industrial, na Inglaterra, fez crescer a burguesia, que passou a se diferenciar das demais classes com vestes mais aprimoradas, contratando profissionais especializados para garantir exclusividades em suas roupas.
Entre 1898 e 1910 a indústria do vestuário evoluiu, passando a produzir em massa, tanto na Inglaterra como na América. Também ouve aumento do trabalho em domicílio, pois as costureiras poderiam oferecer exclusividade.
1837
Criação da Marca Hermès
Maison francesa que começou quando Thierry Hermès abriu um atelier de fabricação de correias e bridões, para cavalos. Logo passou a fabricar selas também. Participava e vencia exposições desses produtos até ter recebido a encomenda para todos os cavalos do último Czar da Rússia. Sinônimo de luxo e mundo equestre. Fornecia materiais para cavalaria francesa. Clique aqui e leia mais
1845
Invenção da máquina de costura, por Elias Howe, norte-americano.
Thomas Saint, inglês, fez o primeiro projeto de máquina de costura, em 1790, porém não conseguiu comercializar sua invenção. Isaac Merritt Singer violou a patente de Howe e teve de pagar um valor por todas as máquinas produzidas, além de fazer um acordo para continuar a produção.
1847/49
Criação da primeira fita métrica flexível e do manequim de alta-costura, por Alexis Lavigne, alfaiate e inventor francês.
Existe registro de uso de instrumento de medição na Roma antiga, porém consistia apenas em tiras de couro com marcações.
1850
Charles Frederick Worth, inglês, considerado pai da alta-costura e fundador da moda como indústria e arte, implanta na França, a modelagem tridimensional denominada Moulage, técnica que utiliza o próprio corpo humano como manequim. Worth também cria o conceito de desfile de moda, com sua esposa e funcionárias como modelos.
1854
Criação da marca Louis Vuitton
Surgiu com objetivo de fabricar malas impermeáveis. Primeiro a fabricar malas com tampas retas, para que pudessem ser empilhadas. A primeira estampa registrada foi inspirada no jogo de xadrez. Primeira marca a fazer parcerias com artistas plásticos e pintores. Clique aqui e leia mais
1856
Criação da marca Burberry
Fornecedores da família real britânica, inauguraram a primeira loja em 1856, com foco em qualidade e simplicidade do corte. Criaram a famosa e clássica gabardine com técnica de encerar, a mesma usada na produção de malas, com objetivo de deixar o tecido à prova d’água. Em 1871 já empregavam 70 funcionários. Clique aqui e leia mais
1858
Início dos Eventos Semana de Moda
Tudo começou quando o pai da alta-costura convida sua esposa e funcionárias a desfilar para as clientes. Clique aqui e leia mais
1906
Criação da marca de alta-joalheria Van Cleef & Arpels
Criaram nova forma de prender as pedras preciosas à estrutura de ouro, através do qual as pedras ficam em evidência, sem aparecer as garras de metal. Clique aqui e leia mais
1908
Popularização do automóvel, com o lançamento do Ford T, de Henry Ford, nos Estados Unidos. Produzido em linha de montagem, o Ford T vendeu mais de 250 mil unidades em cinco anos e foi a base para criação dos atuais automóveis.
1910
Criação da marca Coco Chanel
Suas criações visam conforto, praticidade, funcionalidade e excentricidade. De família humilde, aprendeu a costurar em um convento. Chanel cantou como corista, onde conheceu pessoas da alta sociedade da época. Clique aqui e leia mais
1913
Criação da marca Prada
Inicia fabricando malas e artigos de viagem. Mário Prada foi um artesão com estilo minimalista. A Prada recebeu o Selo de Savóia, dado a fornecedores oficiais da família real italiana. Clique aqui e leia mais
1914 a 1918
PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL
Combate centrado inicialmente no enfrentamento entre as forças da Tríplice Aliança (Alemanha, Áustria-Hungria, Império Otomano e Itália); e da Tríplice Entente (Rússia, Grã-Bretanha e França). Deixou 10 milhões de mortos e 20 milhões de feridos. Clique aqui e leia mais
1917
Criação da marca Balenciaga
Cristóbal Balenciaga, espanhol, estabeleceu-se em Paris em 1937 e chegou ao auge nas décadas de 50 e 60. Considerado por Dior o mestre dos mestres, o arquiteto da moda, que constrói o corpo a partir de suas criações. Clique aqui e leia mais
1919
Criação da marca Charles Jourdan
Reconhecido por seus designs em calçados femininos e uso de materiais inovadores, Jourdan foi o primeiro, na década de 1930, a anunciar em revistas de moda, o que impulsionou sua marca como uma maison de alta-costura. Lady Diana Spencer foi uma cliente regular. A partir dos anos 2000 a marca enfraqueceu e acabou sendo vendida a banqueiros de investimentos. Clique aqui e leia mais
1920
Os Loucos Anos 20
Mulheres transgressoras, modernas, que saíram para trabalhar durante a Primeira Guerra e querem manter sua independência. Nas artes: Cubismo, Modernismo. Era da velocidade: automóveis, trens, transatlânticos, aviões. Clique aqui e leia mais
1921
Criação da marca Gucci – O Império da Moda
Surge em Florença, onde começa produzindo malas e sapateiras. Produtos inspirados no mundo da equitação. Usa couro de porco tingido nos tons gengibre, azul e verde, cores patenteadas. Clique aqui e leia mais
1923
Criação da marca Salvatori Ferragamo
Aos 12 anos Ferragamo já fabricava sapatos, na Itália. Aos 14 foi para os Estados Unidos encontrar o irmão, que trabalhava em uma fábrica de calçados. Clique aqui e leia mais
1925
Exposição Internacional de Artes Decorativas e Industriais Modernas, Paris
A partir da renascença surge a classificação das artes: pintura, escultura e arquitetura. Exposição visava reforçar a recuperação de Paris após a Primeira Guerra. Clique aqui e leia mais
1925
Criação da marca Fendi
Em 1997 Silvia Venturini Fendi lança a bolsa Fendi Baguette. Simples, prática, alça curta. Nasce a waiting list, lista de espera para receber a Fendi Baguette. Resolveu fazer modelos numerados com edição limitada. Bolsa usada por Sara Jésica Parker em Sex in the City. Lançou campanha BFF (Baguette Fendi Forever)
1925
Criação da marca Marcel Rochas
Criou suas coleções para mulheres seguras e sofisticadas, que poderiam não saber exatamente para onde estavam indo, mas estavam indo em busca de sua evolução mesmo assim. Clique aqui e leia mais
1929
Criação da marca Elsa Schaparelli
De personalidade exótica, exuberante e excêntrica, Elsa inventou a cor rosa choque. Chanel reinou na década de 20, Schaparelli nos anos 30. Nascida em família de intelectuais, era amiga do artista Salvador Dalí. Chique aqui e leia mais
1933
Corte Centesimal, criado por Carmen de Andrade Mello Silva, brasileira, consiste no registro de proporções que resultaram em moldes bastante exatos. O nome “Centesimal” é devido às principais medidas para os moldes serem divididas em 100 partes iguais.
1939 a 1945
SEGUNDA GUERRA MUNDIAL
Conflito global que incluiu a maioria dos países em duas alianças militares: os Aliados e o Eixo. Resultou em até 70 milhões de mortes. A vitória dos Aliados levou a Organização das Nações Unidas, com objetivo de estimular a cooperação e evitar futuros conflitos. Estados Unidos e União Soviética emergiram como potências rivais. Clique aqui e leia mais
1946
Criação da marca Christian Dior
Silhueta ampulheta, cintura marcada, busto, quadril e ombreiras. Peças com muito tecido em época de racionamento do material. Renovou a indústria da moda e a feminilidade no pós-guerra. Clique aqui e leia mais
1946
Criação da marca Balmain
Balmain foi o rei da moda francesa no período da 2ª Guerra Mundial. Atualmente o diretor criativo é Olivier Rousteing. Criações inspiradas na vida urbana e na sofisticação. Usa muito grafismo, geométricos, listas, assimetria, drapeados e poá, além do preto e branco. Explora a sensualidade, ideal de mulher poderosa. Também usa o verde, laranja, roxo, azul royal e prateado. Influência dos anos 90. “Own who you are.” Se aproprie de quem você é.
1950
Criação da marca Pierre Cardin
Primeiro a fazer um desfile na Muralha da China, em 1979. Nascido na Itália, sua família se transferiu para a França. Durante a guerra trabalhou para Cruz Vermelha, em Paris. Depois da guerra trabalha na Maison Madame Paquin, na Squiaparelli e na Dior. Clique aqui e saiba mais
1952
Criação da marca Givenchy
Givenchy trabalhou com Dior e Schiaparelli, entre outros, antes de abrir sua própria maison. Sua primeira coleção de alta-costura, também lançada em 1952, ficou conhecida pela blusa de babados nas mangas, nomeada como Bettina, sua principal modelo e relações públicas de sua marca. Clique aqui e saiba mais
1960
Criação da marca Valentino
Valentino Garavani
Pierpaolo Piccioli, diretor criativo da marca desde 2008. É uma das personalidades mais influentes do mundo. “Seu talento é saber sonhar.” Piccioli conta uma história em cada coleção. Inicio na moda na década de 80. Clique aqui e saiba mais
1961
Criação da marca Yves Saint Lourent
Conduziu uma mudança de silhueta pós-guerra e herda a liderança da Casa Dior. Criou 6 coleções para Maison Dior. Fez do luxo um sinônimo de savoir-faire. Perfeição em acabamento e sinônimo de “mulher certinha”. Clique aqui e leia mais
1968
Criação da linha de roupas Halston
Primeiro a criar a moda norte-americana para as mulheres norte-americanas. Minimalista, começou produzindo chapéus, criando mais tarde coleções de roupas femininas baseadas na liberdade de movimentos, sensualidade e dinamismo da mulher moderna. Clique aqui e leia mais
1975
Criação da marca Giorgio Armani
Fundada em Milão por Sérgio Galeotti e Giorgio Armani. Armani trabalhou como comprador de moda masculina e desenhou para várias grifes famosas, antes de criar sua própria marca. Sua primeira coleção reinventou o clássico terno, inovando em tecidos, cortes e caimentos. Um ano depois ele lançou a coleção feminina. Seus produtos são símbolo de elegância e sofisticação.
1978
Criação da marca Versace
Gianni Versace iniciou com a produção de peças de tricô feitas como se fossem em tecido, ou seja, com pregas, assimetria, corte enviesado, malhas com fios metálicos, etc. Criava para mulher extrovertida, jovial, que gosta de moda. Clique aqui e leia mais
1985
Criação da marca Dolce & Gabbana
Fundada em Milão, por Domenico Dolce e Stefano Gabbana, traz uma estética feminina ousada desde sua criação. Seu estilo “novo mediterrânea” abusa da sensualidade, com estampas florais e temas religiosos em suas criações.
1991
Criação da marca Louboutin
Cristian Loubotin começou a fazer sucesso nas décadas de 70 e 80, criando modelos inicialmente para marca Charles Joudan. Modelos feitos por artesãos italianos, design com foco em alongar as penas, sensualidade e glamour. Clique aqui e leia mais
2019
Impacto da Covid-19 na Moda
A pandemia que vivenciamos, cujas consequências ainda não podemos dimensionar por completo, impactou severamente o mundo da moda. Uma situação sem precedentes, cujo caso histórico mais aproximado de que se tem notícia foi a Gripe Espanhola, que acometeu o mundo em 1918.
A Covid intensificou a busca pela sustentabilidade nas coleções, a necessidade de repensar nosso estilo de vida. Além de coleções com foco no conforto, tendo em vista o período de confinamento, e a tendência da “moda dopamina”, que consiste no uso de tons claros como rosa, lilás, amarelo, azul…